sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Curta de uma mãe maravilhosa ...

Após muito viajar por aí, cheguei a esse blog que tive a grata surpresa de ver o link de um curta feito pela mãe da autora do blog, que não por acaso é lésbica. Recomendo a vocês assistirem o vídeo. É muito... muito legal . É bom saber e ver que existam pessoas como a Dona Walquíria. Com uma atuação impecável, falando de sua filha de maneira tranquila e sem neuras. Ah ! As flores abaixo são óbviamente para ela.

Aqui vai a ficha técnica do curta-metragem:

Título: Mãe de Lesbos

Sinopse: Uma das filhas da assistente social aposentada e taróloga Walkíria Rosário assume o lesbianismo. A mãe passa a sair às ruas em prol dos direitos gays. Clique duas vezes na telinha para ver em tela grande.

Exib. online: 774 Direção: Marcelo de Trói
Gênero:Documentário Formato: Vídeo (MiniDV)
Ano Produção: 2003 Origem: BA
Coloração: Cor Duração: 5 min e seg
Produtora: Produção Independente

Aqui o link do vídeo...

E não deixem de ver porque é muito bom !

Para Dona Walquíria...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

A Parte Cheia do Cálice Chamado Brasil

O VERDADEIRO BRASIL QUE POUCOS CONHECEM.

Obs: o texto é grande mas vale a pena...

"Afinal que Brasil é este? O que está realmente acontecendo com o Brasil ? Afinal, por que estão as maiores empresas americanas e européias afirmando que seu maior portfólio de investimentos para os próximos 10-15 anos será nesta região do mundo? Será que viraram devotos de N.S.Aparecida do dia para à noite ? Acredito que seja o momento de passarmos de uma consciência ingênua para uma consciência crítica sobre o momento atual brasileiro. Nos corredores do Fórum Econômico Mundial em Dados, os Ministros e autoridades declaravam sua intenção de investir no Brasil nos próximos anos, o que nunca haviam pensado. Afinal que mercado é este ?

Vejo dados confusos sobre o Brasil. Os jornais mostram a desgraça, o estupro, as balas perdidas... E esse pessoal continua vindo para o Brasil?

As empresas espanholas e portuguesas acabam sendo maiores aqui do que na própria Espanha e Portugal e assim por diante. Acho que está na hora de explicar ao Brasil com dados - dados de pesquisa - dados sérios, em vez do "chutômetro" aplicado a todo o momento para nos confundir. Um exemplo digno e o divulgado em abril do ano passado, nos 500 anos do Brasil. Todos os jornais estamparam para o mundo todo que éramos cinco milhões de índios no Brasil em 1500. Ora, se há dúvidas de quantas pessoas exatamente vieram nas Caravelas em 1500, como é que sabemos que éramos cinco milhões de índios em 1500 no Brasil ? Quem contou ? Qual o IBGE da época ou GPS que mediu o cinco Milhões ? Algum louco, com base em especulações referentes à mortalidade infringida pelos espanhóis no México, chegou à conclusão absolutamente absurda de que éramos cinco milhões e isso virou "verdade" !?!?! E assim,logo dizemos que temos 120.000 desabrigados nas ruas de São Paulo, 45 milhões de miseráveis, etc., etc.

Até quando seremos obrigados a engolir essas verdadeiras barbaridades?

Para passarmos de uma consciência ingênua para uma consciência critica e compreendermos o que está acontecendo, temos que saber que o mundo tem o que chama-se de "mercados maduros". "Mercado maduro" é o mercado em que o Crescimento do consumo é equivalente ao incremento vegetativo da população - ou seja - se a população cresce aumenta o consumo. Se não cresce o consumo continua estático. Assim, o consumo de cerveja nos EUA, por exemplo, cresceu 2% acumulado nos últimos cinco anos e deverá crescer apenas 2% nos próximos cinco anos. No Japão, 35 prefeituras exigem um atestado que diga que você tem onde colocar seu carro para que um concessionário possa vender um automóvel novo a você - problema de espaço vital. O consumo de biscoitos na Inglaterra não cresce há dez anos. Esses mercados maduros - EUA, Europa e o Japão - onde se encontram as empresas igualmente maduras - IBM, Toyota,Eletrolux, etc. - precisam de mercados emergentes - onde o crescimento do consumo seja maior do que o incremento vegetativo da população. Quais são esses maiores mercados hoje no mundo ? Brasil, Índia e China.

Mas não nos iludamos muito com a China. A China tem 76% de sua população em campesinato. A Índia 72% e o Brasil apenas 22%.

Assim, os países prontos para consumir produtos ocidentais de alguma tecnologia que não seja bicicleta, alfanje, etc... é o Brasil e por extensão o Mercosul. Por isso estão todos aqui, e querendo investir mais e mais aqui ! O mercado brasileiro, segundo dados da Nielsen cresceu nos últimos cinco anos:

Observação: Os dados abaixo assinalados com asteriscos têm como fonte
ACNielsen

* 859% em fraldas descartáveis
* 369% em mistura para bolos
* 310% em alimentos para gatos
* 282% em leite flavorizado
* 273% em alimentos para cães
* 219% em leite longa vida
* 201% em massas instantâneas
* 176% em cereais matinais
* 116% em carnes congeladas
* 81% em água mineral

O Brasil é hoje um mercado que apresenta alguns dados impressionantes:
* 1,3 milhão de lavadoras de roupa * 82% mais que no Canadá
* 4o. Maior mercado do mundo
* 8,02 trilhões de litros de refrigerantes *343% mais que no Canadá
* 3o. Maior mercado do mundo
* US$1,3 bilhão em alimentos "diet" ou "light”;
* US$100 milhões em 1990
* US$6 bilhões em 2010
* 63,4 mil toneladas de creme dental *456% mais que na Itália
* 51,4 mil títulos de livros
* 12% mais que a Itália * US$1,2 bilhão em CD’s
* 5o. Maior mercado fonográfico do mundo
* 681,9 mil toneladas de biscoito * 27% mais que o Japão
* 2o.Maior mercado do mundo
* 3 milhões de geladeiras
* 66% maior que o Reino Unido
* 4o.Maior mercado do mundo
* 11 milhões de usuários da Internet
* 95% das declarações de IR foram enviadas via Internet,
* 40% do total na América Latina e o dobro do México.

É importante que saibamos que somente a chamada classe média e emergente no Brasil hoje representa 35 milhões de famílias:

(IBGE)

Assim, só a classe média e emergente no Brasil é :


* 8% maior que a população da Alemanha.
* Maior que a Republica Checa, Bélgica, Hungria, Portugal, Suécia, Áustria, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Irlanda, Nova Zelândia, Luxemburgo e Islândia juntos.
* É maior que a Franca e Canadá juntos.
* Equivale a um terço da população dos Estados Unidos.
* Equivale a 72% da população do Japão.

Nós também não temos consciência de que o Brasil representa 42% do PIB da América Latina incluindo o México, e seu PIB representa 13,3% do PIB total dos países em desenvolvimento, incluindo a China. E que:

* Todo o PIB da Argentina * Equivale ao Interior do Estado de São Paulo
* Todo o PIB do Chile. * Equivale ao Grande Campinas (Ernest & Young)
* Todo o PIB do Uruguai. * Equivale ao bairro de Santo Amaro em São Paulo

É preciso compreender que as empresas multinacionais estão investindo aqui porque o Brasil é o 5º país do mundo em poder de compra com mais de US$1 trilhão de dólares em
Purchasing Power Parity ou Igualdade de Poder de Compra. Hoje o ranking é:

* EUA, China, Japão, Alemanha e Brasil.

Pense nisso. Passe de uma consciência ingênua para uma consciência crítica a respeito do Brasil. Se somos 33 milhões de pobres, somos também 120 Milhões de "não-pobres"; e isso quer dizer muita coisa num mundo de Mercados Maduros. E, acredite, dentro de mais alguns anos - 3 ou 4 - teremos no Brasil juros internacionais. Isso significa que poderemos ir ao Banco para que ele financie o nosso crescimento a juros decentes de 10-12% ao ano e não ao mês. Como a empresa brasileira é a mais "liquida" do mundo (não deve muito a bancos - pois se dever, quebra), o crescimento será Exponencial, uma vez que todas as pesquisas mundiais mostram ser o brasileiro o mais "empreendedor" dos povos. E juros internacionais também farão com que o consumidor brasileiro possa consumir mais, dever mais, criando um círculo vicioso de crescimento do mercado. Dai a razão de todos os bancos internacionais estarem comprando ou expandido suas ações de varejo no Brasil. Agora é o momento de acreditar e investir, lembrando que o futuro do Brasil é maior que o seu passado. O Brasil é um cálice de vinho com metade cheia e metade vazia. Mas é importante não vermos só a parte vazia desse cálice. Ela existe e é grave. Mas existe uma parte cheia que está atraindo a atenção do mundo inteiro. Pense nisso, e repasse. Valorize o nosso Pais !

Temos que ter muita fé, mas uma fé Pura e Verdadeira ...
Disse Deus a todos nós : "O Poder é todo seu .. Vai ... CREIA."

Se nós que temos filhos, irmão, pai, mãe e amigos ficamos triste quando eles estão passando fome, desanimados, desempregados, etc... e ... assim fica Deus conosco, Triste com o nosso desânimo e derrotas, nos fomos feitos a sua imagem e semelhança; não podemos fracassar e desanimar, nós temos poder para Tudo, só depende de nós mesmos.
"



terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Flashback, Sônia Braga e suas calças “boca de sino”...

Na década de 70, criança que era, morava em uma vila de casas no bairro de Botafogo, na Rua São Clemente. Esta por sua vez, ficava em frente a Casa de Rui Barbosa. Ah ! Aqueles jardins. Conhecia todos aqueles laguinhos... árvores enormes. Os carros de Rui. Linda casa. Sua biblioteca. Tudo conhecia. Aquele cheirinho de livros antigos até hoje não esqueço. Engraçado como o sentido do olfato nos faz lembrar tantas e tantas cenas. É como um déjà vu. Em todo caso, era um ótimo lugar para uma criança da minha idade brincar horas e horas.

Mas tinha minha turminha, que eram meus vizinhos, lá da vila. Brincávamos após a chegada do colégio. E uma das minha amigas, morava ao lado de minha casa. Mas sua casa era diferente da minha. Percebi isso logo quando entrei pela primeira vez. Lá parecia que tudo era de improviso, mas não qualquer um. Não. Não. A estante era de tijolos envernizados. Tábuas cuidadosamente envernizadas. Com pedrinhas de todas as cores espalhadas. O sofá ? Não tinha sofá, como nas casas de meus amigos e mesmo minha. Pensava, "será que o pai dela não tem dinheiro para comprar um sofá?". Eram almofadas dispostas de maneira uniforme e simétrica, como na estante. E o cheiro ? Incenso no ar. Hoje sei. Mas foi a primeira vez que senti aquele aroma de alfazema. Lá pelas tantas, após brincarmos, pedi um copo de água para minha amiga. Ela me conduziu até a cozinha. Abriu a geladeira e vi. Existiam muitas frutas... e soja. Perguntei, "O que é isso ?". Ela disse, "É soja, um tipo de carne". Pensei, "Estranho, nunca vi ninguém comendo isso. Será que o pai dela não tem dinheiro para comprar carne? Tadinhos, eles devem ser pobres." Cheguei a ficar com pena. Conclusão de uma criança somente, mas muito observadora, por sinal. E meus amigos todos comiam carne. Como podia ? Foi quando vi seu pai. Olhei um pouco desconfiada, mas achei-o tão diferente, e bonito. Mas, como a estante, o sofá e a soja, era em tudo diferente dos pais de meus amigos. Ele tinha cabelos compridos. Barba longa. E sua blusa era uma espécie de bata. Achei estranho, mas contive-me, e não fiz perguntas inconvenientes sobre o pai para minha amiga. Por que ele era assim ou assado. Era criança, mas não tapada.

Um dia daqueles, brincávamos, e vi. Ela chegou na janela e disse :"- Luciana, abre a porta prá mim ?" Entrou. Os cabelos pretos até a cintura, todo uniforme. E usava as tais batas coloridas, como o pai de minha amiga. Maquiagem alguma no rosto. Seus olhos eram vivos, agitados. Falava rápido, e parava. Ouvia, com toda atenção. E sua voz alternava entre uma leveza e o contralto. Achei aquela mulher de uma beleza tão simples, ao mesmo tempo exótica, e inexorávelmente marcante. E, a partir desse dia, e sempre quando podia, ficava na janela de minha casa, após a chegada do colégio, para ver ela passar. Aquela janela, aquela hora, virou um ritual em minha vida. Ela vinha com suas calças de boca de sino, a bata colorida, os cabelos pretos soltos até a cintura, e sem maquiagem. O vento, às vezes, ajudava, levantando seu cabelo pelas pontas até o pescoço. Uma visão obrigatória para mim naqueles tempos.

Algum tempo depois, ela desapareceu. Simplesmente sumiu. Fiquei desolada. Triste mesmo. A vida continuou. Inclusive a social, com minha turminha, a brincadeiras, os jogos, e tudo. Quase tinha apagado da memória, quando, por mágica ou sei lá o quê, ela surgiu na televisão de minha casa, como a professora Ana Maria do seriado Vila Sésamo criado por Naum Alves de Souza. Quando olhei, esfreguei os olhos, e custei mesmo acreditar. Como pode, ela há pouco tempo estar aqui, na vila, aqui do lado, e de repente aparecer na tv da sala lá de casa ? Fui saber, algum tempo depois que se tratava de Sônia Braga. Desse dia em diante, acompanhei sua trajetória. Existiam momentos que não queria vê-la. Não mesmo. Outros sim. Há pouco tempo, li que se submeteu a uma cirurgia plástica com o Dr. Ivo Pitangy. Sei lá porque, mas não consegui vê-la como está, e sim como era, na época em que usava calças boca de sino.


Vila Sésamo

Armando Bogus (Juca), Aracy Balabanian (Gabriela), Sônia Braga (professora Ana Maria), Manoel Inocêncio (Seu Almeida), Flávio Galvão (Antônio), e os bonecos Garibaldo (Laerte Morrone) e Gugu (Roberto Oresco) criados por Naum Alves de Souza.

E como os aromas transportam, também os sons. Sueli Costa com sua linda canção "Coração Ateu" era tema de uma das personagens da novela "Gabriela, Cravo e Canela" em que ela é a protagonista. Mas deliberadamente, apossei-me dela para a lembrança de Sônia.




Coração Ateu (Sueli Costa)

"O meu coração ateu quase acreditou
Na sua mão que não passou de um leve adeus
Breve pássaro pousado em minha mão
Bateu asas e voou
Meu coração por certo tempo passeou
Na madrugada procurando um jardim
Flor amarela, flor de uma longa espera
Logo meu coração ateu
Se falo em mim e não em ti
É que nesse momento
Já me despedi
Meu coração ateu
Não chora e não lembra
Parte e vai-se embora."

Mensagem subliminar

Só de sacanagem...

Viajando pela rede, vi este texto e percebi o quanto resume nossa cultura... Cultura ? (rs) Ainda somos ratinhos de laboratório sendo exaustivamente testados, manipulados e sacrificados. É a rede poderosa que diz o que vê deve ser nesse verão. O que você deve ouvir. O que você deve vestir. O que deve dizer, a nova gíria, e até por quem você deve sentir tesão. É o jornal que vende seus espaços, é a revista que vive de matéria paga, é, é, é. É necessário mencionar os senhores de Brasília? (rs) E assim caminha a humanidade... Mas até quando ?!?!

Ah, quem souber de quem é esse texto, peço que avise-me.


Só de sacanagem

"Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta a prova???
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e de seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais...

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, de minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: 'não roubarás', 'devolva o lápis do coleguinha!', 'esse apontador não é seu, meu filho'.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar, só de sacanagem.

Dirão: 'deixa de ser boba, desde Cabral, que aqui todo mundo rouba'.
Eu vou dizer: 'Não importa, será esse meu carnaval, vou confiar mais e outra vez'. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambau!
Dirão: 'É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal'.
E eu direi: 'Não admito, minha esperança é imortal, e eu repito, ouviram?: I-M-O-R-T-A-L!'
Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final."

domingo, 8 de janeiro de 2006

Os budas de João...

Voltei a folhear o livro "A Casa dos Budas Ditosos" de João Ubaldo Ribeiro. O autor foi convidado pela Editora Objetiva para escrever sobre o pecado ou vício capital da luxúria. O terceiro daquela lista de 7.

Conta a estória de uma mulher de 68 anos, de iniciais CLB, nascida na Bahia e morando no Rio de Janeiro. Senhora essa que nunca renunciou a vida. E saboreou todas as facetas do sexo.

Mas ficou uma interrogação na cabeça do leitor. Seria mesmo verídica a estória ? Ou pura invenção do autor ? Se a dita CLB existe, é um fenômeno. Se João, o escritor foi além da definição de luxúria. Que seja um ou outro, o livro se desdobra em sensualidade e sexualidade. Detalhe: li em dois dias.

Aqui transcrevo uma pequeno trecho do livro, onde CLB seduz uma comissária de borda em Porto Seguro:

"Primeiro caso que me vem : Marina, a comissária de bordo. Prefiro muito dizer "aeromoça", mas parece que agora elas se ofendem quando são chamadas de aeromoças, deve ser porque a cada dia ficam mais aerovelhas. Hoje em dia tudo ofende e, como nós vivemos macaqueando os americanos, também ficamos politicamente corretos, e um babaca aí agora está querendo uma lei proibindo piadas que possam ofender qualquer grupo, de qualquer tipo. Imagino o surgimento de um grupo antipiadas -- a Igreja Universal da Assembléia dos Homens Sérios -- registrado e, portanto, a proibição de contar qualquer piada, sob o risco de ofênde-lo.
Haverá piadas clandestinas, contrabandistas de piadas, transeiros de piadas, fornecedores de piadas árabes e judeu e presos inafiançáveis pelo delito de contar piadas. Puta o que o pariu, só falando assim, atraso, atraso. A aeromoça nos conheceu numa birosca de praia, quando passava as férias numa pousada em Porto Seguro, que não era moda como agora. Ela tomou umas batidinhas e acabou confessando que já estava meio dura, e aí Fernando e eu, já pensando em dar um bote, porque ela era um deslumbramento, olhos verdes, peitos e coxas na medida certa, uma voz grave enlouquecedora, enfim, ótima, ótima, uma verdadeira estátua grega de biquini, oferecemos lugar para ela, casa, comida, roupa lavada e ajuda no que precisasse, no sitiozinho que tínhamos alugado para a temporada. No começo, ela fingiu não querer, mas depois quis. E também fingiu que não gostava de pó, mas depois sentou a venta, como dizia o nosso amigo que cheirava Madalena. Na primeira noite em que cheiramos juntos, ela estava de shortinho meio frouxo e blusa por cima dos inenarráveis peitos, com os bicos que pareciam dois telescopiozinhos empinados para o céu, e eu fiquei ensandecida de tesão, passei o tempo todo alisando ela durante as conversas e, quando finalmente resolvemos dormir, eu entrei no quarto dela e deitei junto dela e enconstei na bunda dela, e ela veio com aquela conversa de que o negócio dela era homem. Mas isso com o sorriso sem-vergonha, que nem de longe me convenceu. Aliás, mulher que vive repetindo que o negócio dela é homem, o negócio dela é homem, está num caso análogo ao que minha avó denunciava -- a mulher que não se refere ao marido pelo nome, mas vive falando "meu marido", "meu marido". No primeiro caso, dedução minha, o negócio não é só "homem" e, no segundo caso, dedução de minha avó, o marido é corno. Ainda conversei um pouco e apertei os peitos dela, que tirou minhas mãos, mas daquele jeito safado de quem não quer que a gente tire realmente. Perguntei se, nesse caso, ela estava interessada em Fernando, mas ela disse que não, desta vez com firmeza, que ela pode não ter tencionado mostrar, mas eu notei logo. Está certo, tudo bem, vá dormir, durma bem."



"E, por uma questão de estratégia -- coisas sutis para as quais a gente tem talento natural e aperfeiçoa com a vida --, deixei ela sozinha no quarto e fui continuar a sacanagem com Fernando, até o dia começar a amanhecer. Não gosto de ver o dia amanhecer completamente, deve ser algum lixo católico qua eu carrego, me dá desconforto, culpa. Já desisti de combater isso há muito tempo, sempre vou para a cama antes que o dia amanheça, é mais cômodo do que dedicar a vida a tentar vencer uma neurose de merda. Como de hábito, não dormi durante muito tempo, apesar das bolinhas, e fiquei pensando nela. Eu tinha certeza de que ela queria que eu insistisse, mas não insisti; posso ser boba, mas nem tanto. Não sou boba, aliás. E assim se passou essa noite e a seguinte, até que, na terceira noite, depois que ela alegou sono e cansaço e foi para a cama sozinha novamente, eu passei de propósito pela porta do quarto dela, que estava quase completamente aberta e a luz do abajur lá dentro acesa. Ela não estava mais de shortinho e blusa, não estava vestindo nada, estava completamente nua, de bruços pernas em ângulo, pose clássica, aquela bunda inefável, aquela pele coberta de penugem dourada, e eu, é claro, não hesitei. Não podia haver a mínima dúvida de que ela estava ali me esperando para transar, por mais que pudesse dizer o contrário. Eu não ia deixar essa oportunidade passar levada por prudência babaca, já bastam as de que me arrependo por não ter caído em cima, hoje vejo como as barreiras eram bestas ou até fictícias. Nem parei para pensar. Fiquei também nua na porta do quarto, deixando as roupas caírem na entrada, e me insinuei por cima dela, que agiu como se estivesse acordando naquele momento, péssima atriz. Deitada em cima das costas dela, encaixada em uma das bochechas da bunda dela, já começando a me esfregar, pedi que virasse o rosto para trás para que eu a beijasse na boca, e ela virou...
Pronto, uma química jamais declarada baixou em Porto Seguro, meu Deus! Tudo funcionou como se tivéssemos nascido já fazendo tudo aquilo uma com a outra, até os gemidinhos dela compassavam com meus gemidões, nada deu errado, nenhum movimento se frustrou, ai, como foi bom, esta vida é muito injusta, quando nos traz essas lembranças. Penso nela como ela era então, não penso nela como deve estar hoje, me masturbo evocando aqueles dias com ela. Sem o momento, não existiriam nem a antecipação nem a lembrança, mas como os dois são melhores que o momento! Quando, depois de já termos gozado quase instantaneamente, eu na bunda dela e ela com meus dedos, vi o que minha mão já tinha adivinhado: ela tinha um tufo de pentelhos que só posso chamar de suntuoso, a visão mais hospedeira que já tive, adoro mulheres fartamente pentelhudas, não sou chegada às aparadinhas e raspadinhas, que são muito comuns no Nordeste. E nos Estados Unidos também, é engraçado. E também não aprecio esses pentelhos que ficam como uma crista, raspados certeiramente junto às virilhas, parecendo a cabeça de um índio seminole ou o topo do capacete de um centurião romano de cinema. Está certo, é para usar o biquíni, mas não é necessária aquela precisão, podia ser uma coisa menos definida, mais dégradée, menos brutal. Ou então deixar os pentelhos saírem pelos lados do biquini, ou até por cima, é bem mais sofisticado, embora requeira classe. Ela era perfeita nesse sentido, aquele monte de Vênus amplo e generoso, aqueles pêlos lãzudos e macios. Refocilei a cara nesse tapete que até agora sinto em meu rosto e vivemos horas de abraços, esfregadas e gozo, um atrás do outro, como só as boas mulheres sabemos fazer. Aliás, entramos num delírio tal que Fernando, sozinho, sozinho, abrindo ao acaso revistas pornográficas para tentar adivinhar se ele ainda ia comer Beltrana ou Sicrano e enchendo a cara, apareceu no quarto e também ficou nu e, apesar de broxado, não envergonhou. Nos transformamos num novelo e, no fim, Fernando entrou em rebordosa e ficou numa paudurisia inaudita, comeu nós duas e gozou na boca dela. Isso se repetiu até as férias dela acabarem e, no fim, ela nos disse misteriosamente que era casada e, por mais que tentássemos, nunca mais a vimos, mas eu não a esqueço como a mulher que eu mais gostaria de ter tido sempre ao pé, para a gente se comer.
Como ela me chupava! Mulher sempre chupa xoxota muito melhor do que homem, que geralmente acha que sua língua é uma espécie de pênis desarvorado e que pode sugar um clitóris ignorando os próprios dentes cheios de arestas, como quem está tomando refrigerante de canudinho, com raiva do conteúdo. E ela me chupava com classe e um toque, não sei bem como dizer, um toque de devoção. Respirava fundo, se aconchegava entre minhas coxas, me segurava delicadamente na bunda, respirava fundo outra vez, me cobria de beijos nas virilhas, fechava os olhos e me levava ao céu, ao céu! Não posso nunca me esquecer do dia em que ela começou a me chupar no sofá, e eu resolvi que naquela hora preferia a cama e, não sei como, ela conseguiu me seguir até a cama sem tirar a boca de mim com os olhos fechados e eu gozei torrencialmente logo em seguida. Não sei se posso dizer, porque não vejo razão para rejeitar o rótulo de libertina pervertida e devassa, se já tive paixonite a sério por alguém, mas, se já tive, foi por ela. Uma vez, Fernando fora de casa, comendo uma carioca grãfina que havia aparecido com um marido altamente babaca e nós duas em casa, eu deitada num tapete, e ela, usando um roupão felpudo de Fernando sem nada por baixo, fez que ia passar por cima de minha cabeça e parou bem acima de minha cara com as pernas levemente abertas e aquele bocetão irresistível, na penumbra em torno de meus olhos. Toquei nos quadris dela, e ela, como se tivéssemos combinado antes, sentou na minha cara, que sensação insubstituível e incomparável! Como era aveludada, como era acolhedora, como tinha os cheiros certos! Como era submissa da maneira mais encantadora, pronta para fazer tudo o que eu quisesse, do jeito que eu quisesse, na hora em que eu quisesse, tudo com uma naturalidade que parecia que a vida sempre tinha sido assim, desde que o mundo era mundo. Não sei, não sei mesmo como descrever o que havia entre mim e ela, até o jeito como ela se livrou do roupão nessa hora é inimitável. Ela me chamou de meu amor, meu amor, minha tesão, minha dona, minha ídola, meu tudo, minha vida e, ai como eu a chupei, como chupei tudo dela, até que ela, falando as coisas mais sublimes que podem ser ouvidas, gozou como uma loba divina uivando, gozou mais, suspirou com aqueles olhões que davam vontade de mergulhar e pediu que roçássemos entrelaçadas até morrermos, e naturalmente que morremos um pouco. E depois continuamos a nos roçar e eu pedi que ela me desse a língua toda para eu enfiar na minha boca e, enquanto isso, que girasse a bunda para eu alisá-la, e ela passou a me chupar novamente, eu já sem fôlego e sem vontade de ser mais coisa nenhuma neste mundo, a não ser nós duas, diluídas no meio do universo e trocando nossos corpos. Quando falo nisso, fico um pouco -- um pouco, não, muito -- excitada e me arrependo por não tê-la perseguido o resto da vida. É claro que o negócio dela não era homem, era eu mesma. Podia não ser só eu mesma, mas eu fazia parte importante do negócio dela. Os outros participantes certamente houve ou há, mas não podem ter sido melhores com ela na cama do que eu."

Clarice Lispector...

O que dizer sobre Clarice Lispector? A responsabilidade é grande. Estava ouvindo o CD onde a atriz Aracy Balabanian narra os contos da escritora. O conto "Encarnação Involuntária" é algo que não se lê ou ouve impassível. A sensação que se tem é que Clarice pega seu braço e quando você percebe, está lá, no mundo dela.

Muitos tentaram definir Clarice :

Antônio Callado a definiu como enigmática.
Carlos Drummond de Andrade como um mistério.
O jornalista Paulo Francis como insolúvel.
E Otto Lara Resende disse : "Ela não fazia literatura, mas bruxaria."

Em uma conversa informal com o jornalista José Costelo, Otto, disse :
"Você deve tomar cuidado com Clarice. Não se trata de literatura, mas de bruxaria."

Um dia lá foi convidada para um Congresso de Bruxaria em Bogotá. Perguntem se ela foi ? Foi. E disse : "Não sou bruxa", mas era. Clarice tinha superstições e crenças. Quais ? Bem, ela acreditava no poder dos números 5, 7 e 13. Pedia à sua melhor amiga, Olga Borelli, que datilografava seus escritos : "Por favor, datilografa os meus contos dando 7 espaços entre os parágrafos".

Quem se atreve a definir esta mulher? Definitivamente, não posso.

Clarice, enigmática...



Foi muito elogiada ao viajar a Belo Horizonte e disse :
"Muito elogio é como botar água demais na flor. Ela apodrece."
Quem mais poderia ser tão "Clarice" do que a própria Clarice ?!?!


Clarice, mistério...



Em Maio de 1976, espalha-se o boato de que a escritora não mais receberia jornalistas. José Castello, biógrafo e escritor, nessa época trabalhando no jornal "O Globo", mesmo assim telefona e consegue marcar um encontro. Após muitas idas e vindas é recebido. Trava então o seguinte diálogo com Clarice:

J.C. — "Por que você escreve?"
C.L. — "Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"
J.C. — "Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. — "Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."


Clarice, insolúvel...


Clarice, pelo pintor De Chirico


Clarice conta às irmãs sobre sua pintura : "Hoje de tarde posei a última vez para De Chirico (pronuncia-se De Quírico). Ele é famoso no mundo inteiro. Tem quadros em quase todos os museus: certamente vocês já viram reproduções dos quadros dele. O meu é pequeno; está ótimo, uma beleza, com expressão e tudo. Ele cobra muito caro como é natural, mas cobrou menos. E enquanto estava pintando apareceu um comprador. Ele naturalmente não vendeu... Mas veio com uma história de fazer dois quadrinhos para eu escolher."


"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta."

sábado, 7 de janeiro de 2006

Esmeralda...

A música que toca sua alma, desperta seus desejos e transforma seu corpo. Seu coração bate quase descompassado a tantas sensações e fluidos. Não pude deixar de lembrar que Rosa Passos já fez canção sobre seu nome, que diz:"Seus olhos verdes pareciam dois faróis..."

Me deixas louca
(Elis Regina)
(Armando Mansanero)

"Quando caminho pela rua lado a lado com você
Me deixas louca
E quando escuto o som alegre do teu riso
Que me dá tanta alegria, me deixas louca
Me deixas louca quando vejo mais um dia
Pouco a pouco entardecer
E chega a hora de ir pro quarto escutar
As coisas lindas que começas a dizer
Me deixas louca
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague
Me deixas louca
Quando transmites o calor de tuas mãos
Pro meu corpo que te espera
Me deixas louca
E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
E me deixas louca
Sinto os teus braços se cruzando em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
E me deixas louca."

As diferenças....

Esse país é grande, continental. Temos diversidades no clima, culturas, sotaques, mas somente uma língua. E isso é que dá liga a essa salada. Existem até teses Sociológicas sobre a grande diversidade desse país. João Ubaldo Ribeiro, em seu livro, Viva o Povo Brasileiro, detalha muito bem isso. E quando vi essas imagens, primeiro caí na risada, depois percebi que define exatamente o que somos. O norte, o sul, o leste e o oeste, dentro da mesma diversidade. Mas, aqui entre nós? São hilárias :